SUS é uma das principais conquistas desde a redemocratização
O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo e um marco para o direito à saúde no Brasil.
Criado pela Constituição Federal de 1988, o SUS surgiu para universalizar o acesso à saúde e combater as desigualdades no atendimento médico.
Ele oferece atendimento gratuito a todos os cidadãos, desde consultas simples até procedimentos de alta complexidade, como cirurgias e transplantes.
O Contexto Histórico do Surgimento do SUS
Antes da criação do SUS, o acesso à saúde no Brasil era limitado a uma parte da população, especialmente trabalhadores com carteira assinada e seus dependentes, que eram atendidos pelo Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS).
Dessa forma, milhões de brasileiros ficavam desassistidos, principalmente os mais pobres e aqueles que viviam em áreas rurais ou nas periferias urbanas.
Contudo, a exclusão de grande parte da população do sistema de saúde começou a ser questionada nos anos 1980, durante o processo de redemocratização do país.
Nesse contexto, o movimento da Reforma Sanitária, liderado por profissionais da saúde, acadêmicos e ativistas, teve um papel fundamental na criação do SUS.
Esse movimento defendia a saúde como um direito de todos, e não apenas um privilégio de quem tinha vínculo empregatício formal ou condições financeiras para pagar planos de saúde.
Com o fim da ditadura militar e a redemocratização, o Brasil passou por uma grande mudança política e social, que refletiu diretamente nas políticas públicas.
A Constituição de 1988 reconheceu a saúde como um direito fundamental e um dever do Estado. Assim, a criação do SUS foi possível, sendo baseado nos princípios de universalidade, integralidade e equidade, com o objetivo de garantir o acesso à saúde para toda a população, sem discriminação.
Princípios Fundamentais do SUS
1. Universalidade: Todo cidadão tem direito ao acesso à saúde, independentemente de classe social, idade ou local onde vive. O SUS deve ser acessível a toda a população brasileira.
2. Integralidade: Os serviços oferecidos pelo SUS devem atender as necessidades de saúde de forma completa, incluindo ações preventivas, tratamento e reabilitação.
3. Equidade: O SUS busca reduzir as desigualdades, priorizando o atendimento a grupos mais vulneráveis ou em situações de risco.
Além desses princípios, o SUS também se baseia na participação popular e na descentralização da gestão. Isso significa que estados e municípios têm maior autonomia para gerir os recursos e os serviços de saúde.
A Organização do SUS
O SUS é financiado por recursos provenientes da União, dos estados e dos municípios, o que garante sua abrangência e capacidade de atendimento.
Além disso, ele funciona em estreita parceria com instituições públicas, filantrópicas e privadas, organizando os serviços de saúde de maneira hierarquizada, dividida em três níveis de atenção:
Primeiramente, a Atenção Primária é a porta de entrada do SUS. Nesse nível, unidades básicas de saúde (UBS) e agentes comunitários oferecem serviços preventivos, consultas e acompanhamento de doenças crônicas, desempenhando um papel crucial na promoção da saúde.
Em seguida, a Atenção Secundária engloba serviços especializados, como exames e consultas com médicos especialistas. Esses atendimentos são realizados em policlínicas e ambulatórios, proporcionando cuidados mais detalhados e específicos.
Por fim, a Atenção Terciária refere-se aos serviços de alta complexidade, como cirurgias e tratamentos intensivos. Esses procedimentos são realizados em hospitais especializados, atendendo a casos mais graves e complexos que exigem uma infraestrutura maior.
Portanto, o SUS organiza a saúde de forma eficaz e estruturada, garantindo uma abordagem integral e acessível para a população.
Impactos e Conquistas do SUS
Desde sua criação, o SUS tem sido essencial para melhorar a saúde no Brasil, trazendo avanços significativos para a população.
Por exemplo, programas como a vacinação em massa contribuíram de forma decisiva para a redução drástica de doenças como poliomielite, sarampo e rubéola, garantindo mais proteção à população.
Além disso, o Programa Nacional de Controle da AIDS posicionou o Brasil como um exemplo mundial no tratamento e prevenção do HIV, demonstrando a eficácia das políticas públicas de saúde.
Ademais, o SUS teve um papel ainda mais crucial durante a pandemia de COVID-19. Não apenas garantiu atendimento hospitalar de qualidade, mas também liderou com eficácia a campanha de vacinação em todo o país, fortalecendo ainda mais a confiança da população no sistema de saúde público.
Desafios e Perspectivas
Apesar de seus sucessos, o SUS ainda enfrenta desafios significativos, como a superlotação e as desigualdades regionais no acesso aos serviços.
Além disso, a distribuição desigual de recursos e profissionais de saúde afeta diretamente a qualidade do atendimento em algumas áreas, especialmente nas regiões mais remotas.
Para garantir a sustentabilidade do SUS, é fundamental aumentar o investimento público em saúde e aprimorar a gestão do sistema.
Nesse sentido, a participação ativa da sociedade também é crucial, pois permite fiscalizar e propor melhorias nos serviços prestados.
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O SUS representa uma grande conquista na luta pelos direitos sociais no Brasil
Vale ressaltar que o SUS representa uma grande conquista na luta pelos direitos sociais no Brasil. Ele reflete o compromisso do Estado com a saúde da população, ao mesmo tempo em que enfrenta os desafios de um país com grande desigualdade social e dimensões continentais.
Embora ainda enfrente dificuldades, o SUS permanece como um pilar essencial da saúde no Brasil, simbolizando o acesso universal e gratuito a serviços de qualidade.
Portanto, com mais de 30 anos de existência, o SUS continua sendo uma das maiores conquistas da democracia brasileira, reforçando a saúde como um direito fundamental e um instrumento de justiça social.